A partir de 2017, as indústrias deverão enviar informações de controle da produção e do estoque por meio do Bloco K como parte do programa do SPED Fiscal (Sistema Público de Escrituração Digital Fiscal). Para esclarecer mais informações sobre o tema, a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt) e os Sindicatos Patronais promoveram em Rondonópolis o ‘Encontro com Contadores’. Segundo o consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Niveson Garcia, a nova obrigação fiscal irá aumentar o controle fiscal pela Receita Federal e secretarias de fazenda.
“O grande objetivo é controlar todo o fluxo de produção. O empresário brasileiro não tem o hábito de documentar todos os passos, e o Bloco K é uma documentação eletrônica do processo produtivo. Então, primeiro ponto é a dificuldade cultural. O segundo ponto é um alinhamento de conhecimento porque, para implantá-lo, é preciso ter a engenharia de produção alinhada com o sistema de produção e com recursos humanos. As empresas até têm as informações, mas elas estão soltas pela organização, não estão sistematizadas. A indústria que não tem essas informações não sobrevive”, disse Garcia.
O consultor da CNI alerta que as indústrias que não repassarem as informações poderão sofrer penalidades. “As multas pela não adequação ou informação errada são muito elevadas, elas decorrem do tamanho de faturamento de cada empresa, podendo chegar a alguns milhões. Isso pode dificultar e inviabilizar o negócio”. Para evitar a multa, Garcia aconselha aos industriais conversar com o contador para, juntos, determinarem os próximos passos para adequação. Para o consultor, as micro e pequenas indústrias deverão enfrentar maior dificuldades para sistematizar as informações exigidas pelo Bloco K.
“Muitas empresas não tem uma engenharia de produção, é o próprio empresário o engenheiro porque está tudo na cabeça dele. Nas pequenas empresas o empresário é dono, gerente de produção, engenheiro de produção, e ele ainda cria o produto. Então, é preciso separar cada uma das etapas e fazer uma reunião dessas informações. O micro e pequeno empresário provavelmente enfrentará maior dificuldade cultural para se adequar ao Bloco K porque as grandes empresas já tem isso mais formatado”, avaliou.
Garcia, contudo, ressalta que as informações exigidas pelo Bloco K contribuirão como ferramenta de administração para todas as empresas, independente do porte. “Partilho da ideia que se é obrigado a fazer para atender ao fisco, agrega duas ou três informações e faz um ‘bolo’ excelente para administrar a empresa que ajudará a melhorar o fluxo de caixa, ou a administração de produção, a administração de estoque. Pode-se chegar até a uma melhora do produto, corrigindo ineficiências que o negócio tem”, aconselhou Garcia.
Para o vice-presidente do Sistema Fiemt, Helmute Hollatz, o tema do Encontro foi assertivo e atende a demanda da região. “Para Rondonópolis é muito importante a vinda desses consultores que a CNI e a Fiemt disponibilizaram porque estamos em uma região produtora muito forte, as indústrias carecem de aconselhamento fiscal. E realmente precisamos treinar os nossos contadores para que, no futuro bem próximo, atendam a legislação em relação ao fisco, que hoje é irreversível. A partir do ano que vem empresas com faturamento acima de 300 milhões, em 2018 acima de 78 milhões e, em seguida, todas as empresas vão ter que apresentar o SPED Bloco K. Então, temos que divulgar, preparar as nossas empresas para elas se legalizarem, formalizarem e crescerem com maior velocidade e com tranquilidade fiscal”, afirmou.
A contadora e suplente da diretoria da Associação de Contadores de Rondonópolis (ACR), Mylena Colturato, destacou que o Bloco K é muito complexo e tem gerado muitas dúvidas aos profissionais. “O evento ajudou a compreender desde o início até o final do processo. Tenho me atualizado sobre o assunto desde outubro do ano passado porque é um assunto bem difícil e delicado referente a uma parte enorme do processo de produção. Temos que entender para dar repassarmos depois a informação correta para o fisco e aos contribuintes. E esse Encontro ajudou muito a todos nós aqui da cidade”, destacou.
O ‘Encontro com Contadores’ é uma das ações do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) da CNI. O Sindicato das Indústrias da Alimentação da Região Sul de Mato Grosso (Siar-Sul/MT), Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico da Região Sul de Mato Grosso (Sindimec-Sul/MT) e o Sindicato das Indústrias da Construção da Região Sul de Mato Grosso (Sinduscon-Sul/MT) foram parceiros do evento. No Encontro, o consultor tributário da Fiemt, José Lombardi, também ministrou a palestra ‘Por que ser indústria?’. Ele informou sobre as vantagens que as empresas possuem ao se enquadrar como estabelecimento industrial na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), como benefícios fiscais e incentivos à exportação.
Em Rondonópolis, o ‘Encontro com Contadores’ ocorreu no último dia 08/06. “Para os Sindicatos é mais um destaque do trabalho junto à Federação que vai alavancar e despertar a necessidade do sindicalismo, da aproximação e união dessas empresas para debater as suas necessidades e, quiçá, fazer alterações necessárias devido à regionalização, no nosso caso o extremo sul de Mato Grosso”, avaliou o vice-presidente da Fiemt.