ARTIGO:
Por Lívia Nery*
Sangrando vem do verbo sangrar. O mesmo que: esgotando, extorquindo, ferindo, debilitando. E é dessa forma que a economia regional está sofrendo. Não bastassem os grandes e profundos impactos que a atingem durante os últimos anos, com episódios que refletem problemas econômicos resistentes, agora uma pandemia impacta profundamente sua retomada.
Os empresários do setor de alimentação fora do lar são uns dos que mais sofrem com a quarentena, causada pelo novo Coronavírus, que, como medida de prevenção, fechou os bares e restaurantes em 23 de março. E lá se vão quatro meses de preocupações, desempregos e falências.
O novo decreto permite a retirada no local e a entrega, mesmo o setor estando fechados para o público. Dessa forma, alguns estabelecimentos tentam uma sobrevida nessa sangria, que ameaça uma demissão em massa, já que a data de pagamento dos funcionários chega e os empresários não têm dinheiro em caixa para arcar com essa obrigação. O governo ofereceu um benefício salarial de 3 meses, que já foi usado pelo empresariado.
Por decisão judicial, estamos vivendo novamente em uma quarentena e, desta vez, enfrentamos problemas relacionados à fiscalização. Episódios lamentáveis, em que fiscais da prefeitura se acham no direito de decidir que tipo de estabelecimento alimentício pode continuar aberto e qual deve ser fechado, mesmo que este esteja funcionando apenas para entrega.
Representamos famílias e repudiamos a ação de fiscais julgarem um café ser mais alimento que sorvete, por exemplo. Isso nos deixa impotentes. Alimento é alimento, não tem mais ou menos importante. Não existe uma regra que determine isso. Não vamos ao supermercado para comprar somente itens que compõem uma cesta básica. Essa decisão cabe ao consumidor.
Sabemos da gravidade da doença e temos consciência da necessidade de uma quarentena imposta. Logo, seguimos obedecendo aos decretos do governo e trabalhando com a comercialização dos alimentos, nas modalidades delivery e retirada no local, assim como tantas outras cidades pelo Brasil.
A situação é muito crítica. Todos os restaurantes filiados à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MT) estão sendo rígidos com relação às normas e medidas e sempre foram a favor das decisões tomadas pela prefeitura na tentativa de frear o aumento nos casos da COVID-19 em nossa cidade.
Porém, a economia está próxima de colapsar se medidas para sustentar a atividade econômica e ajudar a promover a retomada não forem tomadas. Não temos mais onde pedir auxílio. A quebradeira geral já começou.
*Lívia Nery é empresária e proprietária de uma franquia de restaurantes, em Cuiabá