Evelyn Ribeiro | Gcom-MT
Dores de cabeça, dificuldade na leitura e incômodo para enxergar as letrinhas da prescrição médica, receita culinária ou até mesmo a parceira. Estes eram empecilhos enfrentados por quem não estava conseguindo enxergar de perto ou de longe, mas que tiveram uma solução durante a passagem da 10ª Edição do projeto Ribeirinho Cidadão na comunidade do Sangradouro e Distrito da Agrovila esta semana.
A consulta oftalmológica acompanhada da entrega dos óculos gratuitamente é uma das novidades do projeto. Em dois dias de atendimento, 105 pessoas já foram assistidas. O projeto é uma realização do Tribunal de Justiça e Defensoria Pública e conta com o apoio do Governo do Estado, Assembleia Legislativa e vários parceiros.
“Fazemos este trabalho desde a terceira edição, ao perceber que precisávamos ofertar outros serviços de cidadania ligados à saúde. Este ano contamos com a parceria do Governo, que já faz um atendimento semelhante na Caravana da Transformação”, destacou o defensor público e coordenador do Ribeirinho Cidadão, Air Praeiro Alves.
Uma hora antes do início dos atendimentos, a auxiliar de sala, Maria Zilda, 47 anos, já se preparava em casa para deixar os óculos antigos e que não estavam tão bons quanto antes. Ela é natural do Paraná, mas está em Mato Grosso há 15 anos. “Os óculos são muito importantes para mim, porque sem eles não consigo enxergar nada, nem o livro de receitas que sempre dou uma olhadinha quando quero lembrar algum ingrediente”, relatou.
Maria Zilda está desempregada e atualmente faz salgados para complementar a renda mensal obtida pelo marido, que é autônomo. Na hora de escolher a armação teve dúvida sobre qual modelo escolher e uma certeza: “Estar aqui hoje é uma oportunidade única, porque para mim é muito difícil comprar. Valeu a pena ter esperado tanto e sou muito agradecida ao pessoal do Ribeirinho Cidadão”, disse a auxiliar.
“Esposa mais bonita”
Casados há 38 anos, Osvaldo Tadeu da Costa, 53 anos, e Lúcia Guilhermina, 51, vão dar início a uma nova parceria juntos. Sem nunca terem ido a uma consulta com oftalmologista, os dois foram diagnosticados com problemas de visão e terão que usar óculos.
“Para mim foi emocionante quando o doutor colocou o aparelho no meu rosto e consegui enxergar direito. Não conseguia ler as letras pequenas e cheguei a usar óculos de outra pessoa”, revelou Lúcia.
Satisfeito com a consulta, Osvaldo conta que agora terá um motivo a mais para se conformar por ter que usar óculos: “Sentia dor de cabeça direto e não sabia o que era. Agora, além de me sentir melhor, vou ver minha esposa mais bonita ainda”, brincou.
O optometrista Carlos Hirose está atuando como voluntário no projeto e segundo ele, 80% dos pacientes atendidos estavam com hipermetropia (dificuldade de enxergar perto) ou astigmatismo (dificuldade de enxergar longe). “Os relatos são bem parecidos e se tratam de um problema crônico. Destes, apenas 5% precisam de cirurgia e fizemos o encaminhamento”, explicou.
Na comunidade Sangradouro, das 78 pessoas que passaram pela consulta, 74 precisam usar óculos. Já no distrito da Agrovila, dos 27 consultados, apenas três pessoas não vão utilizar o acessório.
O projeto Ribeirinho Cidadão segue até o dia 20 de fevereiro com atendimentos médicos, serviços de cidadania, eleitoral, social e trabalhista. Dentre as localidades a serem atendidas, além da Agrovila das Palmeiras, estão Barão de Melgaço, Poconé, Mimoso, Serra de São Vicente e Porto de Fora.
Para esta sexta-feira (03), mais 50 consultas oftalmológicas já foram agendadas e devem ser concluídas até o final do dia na Agrovila das Palmeiras.