Eliana Bess | Seduc-MT
Aos 18 anos, a jovem Maria Gisllainny Bezerra da Silva, que sonha em ser astronauta, é a única mato-grossense vencedora do concurso internacional de redação realizado pela Agência Nacional Americana (Nasa). O certificado pela participação foi entregue durante um congresso de astronomia realizado no mês passado, em Campos dos Goitacazes (RJ). O prêmio prevê ainda a experiência de um dia com cientistas da Nasa, nos Estados Unidos - mas o desafio é conseguir recursos para a viagem ao exterior.
Viver essa experiência é mais uma etapa rumo ao espaço, encarada naturalmente pela estudante que tem sua história vivida em unidades de ensino público, na cidade de Tangará da Serra. Ela concluiu o Ensino Médio no ano passado na Escola Estadual 13 de Maio e o Ensino Fundamental na Escola Municipal Décio Burali.
Para o concurso foram apresentados três temas relacionados a Júpiter, dos quais Maria escolheu “Júpiter e exoplanetas” - que são os planetas fora do sistema solar. Ela detalhou o texto falando deles, pois são astros que têm chances de serem habitáveis, além da Terra. Mas, para sua surpresa, só ficou sabendo que tinha conquistado a competição quando chegou ao Rio de Janeiro, quando foi participar do 9º Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica (9th Internacional Meeting of Astronomy and Astronautics).
“Me avisaram no aeroporto que eu iria receber o certificado das mãos do gerente da Nasa, Charles Lloyd. Foi uma coincidência para mim. Eu fui para o congresso com muita luta, vendemos muita rifa e amigos da família me ajudaram a conseguir o dinheiro para ir e tive a grata surpresa de me encontrar com ele”, destacou a jovem, que na oportunidade vivenciou experiências com astronautas de diferentes países, como França, Nepal, Argentina, Estados Unidos, e com o tenente coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Marcos Pontes, primeiro brasileiro a ir ao espaço e cientista responsável pelo telescópio espacial.
Foi um amigo de Marcos Pontes, Marcelo Souza, que a indicou para participar do concurso. Eles se conheceram durante a 12ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, organizado em Cuiabá pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), realizada no ano passado.
“Já pesquisei muito e já desenvolvi alguns trabalhos relacionados a esse tema do Marcos Pontes. Trocamos ideias e ele me incentivou bastante, mostrou alguns caminhos que preciso trilhar para chegar a ser astronauta”, revelou Maria, que mesmo conseguindo uma vaga na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), adiou o projeto porque ganhou uma bolsa de estudos para cursar o inglês.
“Preciso aprender quatro línguas. Ganhei 100% do curso de inglês e depois ainda tenho que aprender o idioma russo”, argumenta a jovem que já domina o espanhol, que aprendeu sozinha. Ela está ciente que enfrentará etapas pela frente, como o curso profissionalizante de astrofísica, um de intercâmbio, engenharia espacial, piloto e cursos de mergulhos. Mas um passo de cada vez. Agora ela pensa na viagem aos Estados Unidos. Para angariar recursos ela pretende lançar um livro sobre “Conhecendo melhor a Lua”, fruto das pesquisas que já realizou.
“Se eu conseguir vender bem, daí sim conseguirei realizar esse sonho, que é ir até a Nasa”. A intenção é escrever outras obras que abordam assuntos e discussões importantes referente ao sistema solar e projetos que estudou e que desenvolveu e assim futuramente possa utilizá-los para realizar seu sonho mestre, que é ir para o espaço.
Como organiza eventos e palestras sobre o assunto, vai centralizar os esforços visando os valores estimados em cerca de U$ 5 mil necessários para cobrir as despesas da viagem.
Sonho
“Não me lembro de como e nem quando comecei a gostar do assunto, mas sei que olhei para o céu e vi algo diferente”, disse a garota, que desde os seis anos de idade já dizia que seria astronauta.
Para ela, foco e determinação são inseparáveis quando se tem um sonho. Ao longo dessa trajetória nada foi fácil. Enfrentou dificuldades na escola porque os colegas a achavam que era doida, ou “garota do espaço” como a chamavam. Até que no 1º ano do Ensino Médio encontrou a professora de Física, Silvana Stoinski, que é formada em Matemática e viu o potencial da menina.
Silvana conta que a estudante sempre andava com o caderno debaixo do braço, era diferente dos demais alunos e isso intrigava a todos. “Ela sofreu muito esse distanciamento. Um dia, no final da minha aula, perguntei se ela queria complementar o conteúdo. Ela deu um show, desenhou o céu no quadro, fiquei impressionada com tantas informações que ela tinha, tantas anotações. Ela sabe muito, tem condições de dar aula para qualquer turma ou estudioso”, frisou a professora que sempre diz sim para as ideias de Maria, mesmo que ache ‘coisa de outro mundo’. “E passei a me interessar pelo assunto, mas confesso que ainda me assusta a determinação dela”, revelou Silvana, que a acompanhou ao evento no Rio de Janeiro.
A ideia do espaço realmente não era um atrativo para os colegas de Maria. Segundo ela, a primeira iniciativa que chamou a atenção dos colegas foi em 2012, mas foi o suficiente para deixa-la feliz. “Sou diferente das garotas da minha idade. Tenho poucos amigos, são mais pessoas adultas, não gosto de sair e não sou de namorar. Mas tenho foco e determinação, se me derem a oportunidade de ir para a lua amanhã, eu vou com certeza. Isso me emociona, é isso que eu quero e vou procurar para mim”, admite.
Os pais também a consideram fora do comum e a apoiam. “Eles acham uma loucura ou estranho esse meu gosto pela Astronomia. Não tem ninguém na família com esse perfil para dizer que tenha influenciado. Sou muito teimosa, quando digo que vou fazer, vou e faço”, explicou a futura astronauta, que divide a atenção dos pais com uma irmã mais nova.
Maria nasceu em Pernambuco, mas a família veio para Tangará da Serra em busca de uma vida melhor quando ela tinha um ano. A mãe é dona de casa e o pai trabalha em uma usina há 20 anos.
Eliana Bess | Seduc-MT
Aos 18 anos, a jovem Maria Gisllainny Bezerra da Silva, que sonha em ser astronauta, é a única mato-grossense vencedora do concurso internacional de redação realizado pela Agência Nacional Americana (Nasa). O certificado pela participação foi entregue durante um congresso de astronomia realizado no mês passado, em Campos dos Goitacazes (RJ). O prêmio prevê ainda a experiência de um dia com cientistas da Nasa, nos Estados Unidos - mas o desafio é conseguir recursos para a viagem ao exterior.
Viver essa experiência é mais uma etapa rumo ao espaço, encarada naturalmente pela estudante que tem sua história vivida em unidades de ensino público, na cidade de Tangará da Serra. Ela concluiu o Ensino Médio no ano passado na Escola Estadual 13 de Maio e o Ensino Fundamental na Escola Municipal Décio Burali.
Para o concurso foram apresentados três temas relacionados a Júpiter, dos quais Maria escolheu “Júpiter e exoplanetas” - que são os planetas fora do sistema solar. Ela detalhou o texto falando deles, pois são astros que têm chances de serem habitáveis, além da Terra. Mas, para sua surpresa, só ficou sabendo que tinha conquistado a competição quando chegou ao Rio de Janeiro, quando foi participar do 9º Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica (9th Internacional Meeting of Astronomy and Astronautics).
“Me avisaram no aeroporto que eu iria receber o certificado das mãos do gerente da Nasa, Charles Lloyd. Foi uma coincidência para mim. Eu fui para o congresso com muita luta, vendemos muita rifa e amigos da família me ajudaram a conseguir o dinheiro para ir e tive a grata surpresa de me encontrar com ele”, destacou a jovem, que na oportunidade vivenciou experiências com astronautas de diferentes países, como França, Nepal, Argentina, Estados Unidos, e com o tenente coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Marcos Pontes, primeiro brasileiro a ir ao espaço e cientista responsável pelo telescópio espacial.
Foi um amigo de Marcos Pontes, Marcelo Souza, que a indicou para participar do concurso. Eles se conheceram durante a 12ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, organizado em Cuiabá pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), realizada no ano passado.
“Já pesquisei muito e já desenvolvi alguns trabalhos relacionados a esse tema do Marcos Pontes. Trocamos ideias e ele me incentivou bastante, mostrou alguns caminhos que preciso trilhar para chegar a ser astronauta”, revelou Maria, que mesmo conseguindo uma vaga na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), adiou o projeto porque ganhou uma bolsa de estudos para cursar o inglês.
“Preciso aprender quatro línguas. Ganhei 100% do curso de inglês e depois ainda tenho que aprender o idioma russo”, argumenta a jovem que já domina o espanhol, que aprendeu sozinha. Ela está ciente que enfrentará etapas pela frente, como o curso profissionalizante de astrofísica, um de intercâmbio, engenharia espacial, piloto e cursos de mergulhos. Mas um passo de cada vez. Agora ela pensa na viagem aos Estados Unidos. Para angariar recursos ela pretende lançar um livro sobre “Conhecendo melhor a Lua”, fruto das pesquisas que já realizou.
“Se eu conseguir vender bem, daí sim conseguirei realizar esse sonho, que é ir até a Nasa”. A intenção é escrever outras obras que abordam assuntos e discussões importantes referente ao sistema solar e projetos que estudou e que desenvolveu e assim futuramente possa utilizá-los para realizar seu sonho mestre, que é ir para o espaço.
Como organiza eventos e palestras sobre o assunto, vai centralizar os esforços visando os valores estimados em cerca de U$ 5 mil necessários para cobrir as despesas da viagem.
Sonho
“Não me lembro de como e nem quando comecei a gostar do assunto, mas sei que olhei para o céu e vi algo diferente”, disse a garota, que desde os seis anos de idade já dizia que seria astronauta.
Para ela, foco e determinação são inseparáveis quando se tem um sonho. Ao longo dessa trajetória nada foi fácil. Enfrentou dificuldades na escola porque os colegas a achavam que era doida, ou “garota do espaço” como a chamavam. Até que no 1º ano do Ensino Médio encontrou a professora de Física, Silvana Stoinski, que é formada em Matemática e viu o potencial da menina.
Silvana conta que a estudante sempre andava com o caderno debaixo do braço, era diferente dos demais alunos e isso intrigava a todos. “Ela sofreu muito esse distanciamento. Um dia, no final da minha aula, perguntei se ela queria complementar o conteúdo. Ela deu um show, desenhou o céu no quadro, fiquei impressionada com tantas informações que ela tinha, tantas anotações. Ela sabe muito, tem condições de dar aula para qualquer turma ou estudioso”, frisou a professora que sempre diz sim para as ideias de Maria, mesmo que ache ‘coisa de outro mundo’. “E passei a me interessar pelo assunto, mas confesso que ainda me assusta a determinação dela”, revelou Silvana, que a acompanhou ao evento no Rio de Janeiro.
A ideia do espaço realmente não era um atrativo para os colegas de Maria. Segundo ela, a primeira iniciativa que chamou a atenção dos colegas foi em 2012, mas foi o suficiente para deixa-la feliz. “Sou diferente das garotas da minha idade. Tenho poucos amigos, são mais pessoas adultas, não gosto de sair e não sou de namorar. Mas tenho foco e determinação, se me derem a oportunidade de ir para a lua amanhã, eu vou com certeza. Isso me emociona, é isso que eu quero e vou procurar para mim”, admite.
Os pais também a consideram fora do comum e a apoiam. “Eles acham uma loucura ou estranho esse meu gosto pela Astronomia. Não tem ninguém na família com esse perfil para dizer que tenha influenciado. Sou muito teimosa, quando digo que vou fazer, vou e faço”, explicou a futura astronauta, que divide a atenção dos pais com uma irmã mais nova.
Maria nasceu em Pernambuco, mas a família veio para Tangará da Serra em busca de uma vida melhor quando ela tinha um ano. A mãe é dona de casa e o pai trabalha em uma usina há 20 anos.