Por Dr. Leonardo Lotufo Bussiki*
Como os ossos infantis ainda estão em fase de desenvolvimento, o trauma necessário para provocar uma fratura nem sempre precisa ser violento, um torpeço seguido de queda ao chão pode ser o suficiente, e geralmente esses acidentes estão relacionados a ambientes domésticos. A queda é o acidente que encabeça o ranking dos mais comuns dentro de casa, envolvendo crianças.
Ao esticar os braços para se proteger ao cair, os membros superiores como braço, antebraço, cotovelos, punho e clavícula se tornam mais sujeitos a sofrerem uma fratura, mas obviamente os membros inferiores também podem ser afetados.
Algumas sintomas da fratura devem ser observados e a dor imediata produzida pelo trauma, a qual se acentua com o movimento ou com a compressão da região afetada é a primeira delas. O ato de se evitar movimentar o membro fraturado é chamado de impotência funcional, mas a presença de movimento ativo não afasta a possibilidade de fratura. Em alguns casos, dá para perceber uma deformidade no local, como um desvio no osso que antes era reto.
Até os 3 anos, a criança tem dificuldade de expressar a dor, então observe se ela está irritada ou evita movimentar o membro. Em certas situações, verifica-se uma movimentação anormal do osso no local da fratura, acompanhada de barulho ou sensação de raspar. Também é comum o inchaço (edema).
A primeira providência a ser tomada diante desses casos consiste em imobilizar o membro fraturado, o que reduz a dor e o inchaço e evita que a lesão aumente (imobiliza-se o membro na posição em que está). Dê um analgésico para atenuar a dor e vá ao pronto-socorro. Se houver outro ferimento, limpe com pano com água ou soro fisiológico e comprima para estancar o sangramento. Colocar gelo envolvido por uma toalha (para não queimar a pele) ajuda a diminuir o inchaço.
Alguns sinais importantes podem acender um alerta e devem ser observados: como dor intensa, acima do normal, progressiva, sem resposta ao uso de analgésico; inchaço dos dedos; palidez dos dedos ou extremidades roxas; dedos frios; formigamento ou alteração de sensibilidade; dedos muito dobrados e dificuldade para movimentar os dedos.
Em sua maioria, as fraturas podem ser tratadas de maneira conservadora, com imobilização por tempo adequado. Devido a sua capacidade de remodelação, as pontas fraturadas não precisam estar em contato total e encaixe perfeito: desvios são aceitáveis, conforme as características do osso, a localização da fratura e a idade da criança. Até os 8 anos, acontecem muitas fraturas “em galho verde”, isso significa que os ossos da criança não se quebram por completo.
Entre as opções de tratamento está também a redução, quando o ortopedista aplica uma manobra rápida para a redução da fratura, podendo ser feita sob anestesia geral, local, ou até mesmo sem anestesia em alguns casos, e as intervenções cirúrgicas para o adequado posicionamento dos fragmentos da fratura e/ou fixação, por meio de pinos, hastes, placas ou fixadores. Para a melhor escolha de intervenção, é importante que a criança seja avaliada por um ortopedista pediátrico.
*Dr. Leonardo Lotufo Bussiki é médico ortopedista e traumatologista, membro da da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, regional Mato Grosso (SBOT-MT) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP)