A qualificação, que será certificada pela Escola de Saúde Pública de Mato Grosso, atende uma demanda de quase 20 anos.
Sandra Carvalho SES/MT
A execução do Programa de Qualificação de Agentes Indígenas de Saúde e de Saneamento em Mato Grosso, do Ministério da Saúde, foi objeto de uma oficina realizada em Cuiabá nesta segunda e terça-feira (08 e 09.05). A expectativa é de que o curso, que será certificado pelo Escola de Saúde Pública de Mato Grosso (ESP/MT), tenha início em 2019. A última qualificação foi realizada há 18 anos.
A oficina conta com a participação de representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES), Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), dos cinco Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIS) de Mato Grosso, do nível central da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) e da ESP/MT e também do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condis) do Xingu.
Regina Célia de Rezende, coordenadora geral de Planejamento e Orçamento da Sesai, explica que a qualificação tem sido reivindicada há bastante tempo, principalmente durante as Conferências Nacionais de Saúde Indígena, que já chegou à sua sexta edição.
“Há quase 20 anos eles estão pedindo a qualificação e agora o Ministério da Saúde está conseguindo implementar. Paralelo a isso, estamos vencendo os obstáculos para regulamentar a profissão dos agentes indígenas”, pontuou.
O curso foi elaborado pela Fiocruz há três anos e desde o ano passado ele está em fase de implementação. “Não é muito simples, porque envolve orçamento e também vários parceiros, além dos próprios indígenas. Tem que haver um esforço muito grande de todas as instâncias envolvidas”, justificou.
A expectativa é de que a oficina resulte em uma planilha com o orçamento da qualificação para que, a partir dela, seja produzido um instrumento jurídico de gestão que possibilite o repasse financeiro aos parceiros para a execução do programa em Mato Grosso. Participarão da qualificação todos os agentes indígenas de saúde e de saneamento que são contratados do Ministério da Saúde.
A diretora da ESP/MT, Carmen Silvia da Costa Machado, vê com bastante entusiasmo mais esta missão. “A Escola de Saúde Pública de Mato Grosso está ocupando cada vez mais espaços em busca da formação e qualificação profissional permanente aos trabalhadores da saúde em busca da melhoria dos serviços de saúde, da qualidade de vida da população e do fortalecimento do Sistema Único de Saúde no Estado de Mato Grosso”.
Glaucio Uapodonepa Boroponepa, indígena Umutina do município de Barra do Bugres, conta que trabalha há cinco anos como agente de saneamento e que até hoje não passou por nenhum curso de qualificação do governo federal.
“Eu aprendi olhando as outras pessoas a fazerem o serviço. Gosto muito do que faço e estou com uma esperança muito grande em relação a qualificação. Nós trabalhamos a saúde e a escola em conjunto com a comunidade, com as lideranças e quero repassar tudo o que aprender para o meu povo, para eles também saibam me cobrar”, contextualiza o agente.